A Saúde Mental da Mãe Atípica e a Importância da Psicoterapia
- elainereginapsicol
- 24 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de jun.
A maternidade atípica, vivida por mulheres que são mães de crianças com deficiências ou condições do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), representa uma experiência singular, marcada por desafios emocionais, sociais e psicológicos. Essas mães frequentemente assumem a maior parte dos cuidados com seus filhos, o que pode levar a uma sobrecarga significativa, afetando diretamente sua saúde mental (Pimenta & Gomes, 2020). A constante vigilância, a dificuldade de acesso a serviços adequados e o isolamento social contribuem para o aumento dos níveis de estresse, ansiedade e depressão (Silva & Dessen, 2017).

Nesse contexto, a psicoterapia torna-se uma ferramenta fundamental de cuidado e suporte. Segundo Winnicott (1965), para que a mãe possa ser suficientemente boa, ela precisa estar emocionalmente disponível — o que pressupõe que tenha espaço para cuidar de si mesma. A psicoterapia oferece esse espaço, promovendo autoconhecimento, ressignificação da experiência materna e estratégias de enfrentamento emocional saudáveis. Além disso, contribui para o fortalecimento da autoestima e da autonomia materna, favorecendo a construção de uma identidade que vá além do papel de cuidadora (Minuchin, 1982).
Do ponto de vista sistêmico, o bem-estar psicológico da mãe influencia diretamente a dinâmica familiar. Estudos indicam que mães emocionalmente apoiadas tendem a promover interações mais positivas com seus filhos, o que impacta diretamente no desenvolvimento infantil (Bronfenbrenner, 1996). A psicoterapia, portanto, não é apenas um recurso para o alívio de sintomas, mas uma forma de promover saúde integral na família, prevenindo o adoecimento psíquico e fortalecendo os vínculos afetivos.
Em síntese, a saúde mental da mãe atípica deve ser reconhecida como uma prioridade nos contextos de cuidado familiar e clínico. A psicoterapia oferece um espaço seguro para a elaboração das vivências dessa maternidade diferenciada, atuando não apenas como suporte emocional, mas como um agente de transformação subjetiva e familiar.
Referências:
Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed.
Minuchin, S. (1982). Famílias e terapia familiar. São Paulo: Artes Médicas.
Pimenta, H. C., & Gomes, R. (2020). Saúde mental de mães de crianças com deficiência: Uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Enfermagem, 73(2), e20190184.
Silva, L. C., & Dessen, M. A. (2017). Estresse e estratégias de enfrentamento em mães de crianças com necessidades especiais. Psicologia: Teoria e Prática, 19(3), 136–148.
Winnicott, D. W. (1965). O papel de espelho da mãe e da família no desenvolvimento do indivíduo. In D. Winnicott, O brincar e a realidade (pp. 141–152). Rio de Janeiro: Imago.
Comentários